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Condessa de Melo

Condessa de Melo

06
Nov20

Mestrado Acadêmico da Condessa de Melo

Rafaela da Silva Melo

Saudações,

Em 2016 fiz uma seleção para uma vaga de aluna do Mestrado Acadêmico, aprovada com a nota 9,26. O processo seletivo para alunos do Programa de Pós-Graduação em Educação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul é composto por três etapas (prova escrita, análise do currículo e memorial acadêmico e entrevista final).

A linha de pesquisa por mim escolhida foi a de estudos sobre as infâncias e o tema tecnologias móveis para crianças e a pesquisa se tratava de um estudo situado no campo dos Estudos sobre as Infâncias Contemporâneas com abordagem interdisciplinar que abrange a Antropologia da Criança (Cohn e Gottlieb), Sociologia da Infância (Barbosa, Sarmento & Pinto, Corsaro, James, Jenk e Prout), estudos sobre a relação entre mídia, consumo e infância (Linn, Kincheloe & Steinberg, Giroux e Naradowski), e ainda recomendações e discussões da pediatria sobre a utilização de tecnologias precoce por bebês e crianças pequenas (Chrisrtakis, Kabali e Academia Americana de Pediatria).

Minha pesquisa teve o objetivo de analisar tecnologias móveis produzidas para bebês e crianças pequenas, com intuito de melhor compreender como estes incidem sobre as culturas da infância na contemporaneidade. 

Os resultados da pesquisa foram publicados em formato de uma apresentação, um capítulo de livro, um artigo em espanhol, tradução de um relatório e um guia de jogos e brincadeiras para bebês e crianças pequenas

Apesar da rotina de estudos para exames e do próprio mestrado, escrevi um texto para o site Medium, de título "O quarto em Arles e algumas lembranças não tão recentes":

Hoje a tarde lembrei-me de um quartinho que aluguei na Rua Mariante, quando morava em Porto Alegre. Isto aconteceu há um tempo atrás, mas lembro-me como se fosse hoje dos ótimos momentos que vivi naquele cantinho.

O quarto era muito pequeno, não havia espaço para todas as minhas coisas. Tudo que tinha era uma cama de solteiro, cartões postais de Porto Alegre na parede, luzes, uma mesa de escritório, prateleiras que o dono do imóvel gentilmente instalou após minha chegada, armário e alguns livros.

Fiquei lá por pouco tempo, menos do que planejara, devido aos custos, um pouco acima da média. Apesar de pequeno e apertado eu gostava de estar lá. O prédio era um tanto assustador: com pichações e muito antigo. O que eu realmente gostava era da sacada com vista para a avenida bem movimentada e o fato deste ser bem arejado e ter móveis novos. O barulho dos carros não era exatamente um problema, pois sempre morei em ruas movimentadas.

Sobre o que eu vivi, era tudo sobre expectativas, pensamentos, imagens, músicas e conversas infinitas. Frio e calor, motivação e desânimo, havia dias onde eu sentava no computador e produzia bastante, outros dias em que eu nada gostaria de fazer.

As saídas eram escassas. Caminhadas no parcão, idas aos restaurantes e cafeterias e nos eventos locais me tiravam de casa e me fazia vez por outra dizer “oi” para o mundo.

Meu quarto era parecido com esta segunda versão de Van Gogh, pela simplicidade. Não havia animais, regra geral, com o tempo me acostumei a ver os animais no parque e fui lidando com a falta que eu sentia de ter um bichinho de estimação.

O maior dos problemas era mesmo o desânimo que me fazia adiar ou atrasar os relatórios, a pesquisa, os projetos, ou não fazê-los com a qualidade com que eu gostaria.

Por outro lado, eu estava muito atenta a tudo que acontecia aos mínimos detalhes: a chuva, o frio, o sol, o pôr do sol, os filmes em cartaz, os programas de TV, na moda, nos lançamentos musicais e até nas novelas.

A série de Vicent Van Gogh que mostra as três versões do seu quarto em Arles, demonstra muito sobre como foi os seus últimos dias de vida, seus trabalhos, sua relação com seu irmão, seus problemas de depressão, isolamento e problemas financeiros. Aquele quarto em Rio Branco conta um pouco sobre mim em meus últimos dias em Porto Alegre, antes de me mudar para Pelotas.

E falando em artes, no prédio onde morei tem um espaço de artes com aulas de desenho, pintura, uma ótima biblioteca, chazinhos e biscoitos, artes plásticas e visuais. Quando estive lá pela primeira vez ela me mostrou sua coleção de colagens sobre suas viagens e isto me deu muitas ideias. As viagens que fazemos são ótimos momentos para criar algo novo ou fazer algo diferente com nossas recordações. Logo eu lembrei que tinha centenas de fotos as quais gostaria de fazer algo mais interessante do que armazená-las no computador ou colocá-las em porta retratos.

Na aula de desenho fizemos natureza morta e isto me ajudou a pensar um pouco sobre a pesquisa e sobre os rumos que esta estava tomando. Desenhar para mim sempre foi um grande desafio, pois nunca fui boa desenhista. Desenho, apaga, refaz, entre chás e bolachas, conversas sobre o tempo, política, notícias, filhos, planos e ideias e assim foram os meus meses naquele lugar e o desânimo que por vezes me acometia desaparecia com o passar do tempo.

Lembrar hoje desses momentos representa um passo importante para dar continuidade aos projetos inacabados, alguns trabalhos que não consegui dar conta naquele momento e de refletir e pensar sobre o visto, ouvido e vivido.

 
Nos próximos posts falarei brevemente sobre o meu ingresso na Medicina, o processo seletivo, as aulas, os livros, os professores, a turma e os meus próximos passos. 
 
 
 
 
 

 

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